Projeto de escola pública trata o desempenho ambiental como prioridade e incorpora boas soluções de ventilação, sombreamento e acústica
Escolhas acertadas dão a medida exata do caráter da Escola Bairro Luz, que em breve será erguida no centro de São Paulo, ao lado de construções históricas da cidade, muitas delas tombadas. Com um desenho que privilegiou ao máximo o conforto termoacústico, e favoreceu a iluminação natural, a construção de 4 945 m2 tem tudo para se tornar um centro multiplicador de ideias verdes. Ao investir num edifício cujo princípio fundamental é a economia de luz e água e o bem-estar coletivo, a Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), ligada à Secretaria Estadual da Educação, espera estimular o conceito de respeito à natureza entre alunos, professores e funcionários.
"Quando são envolvidos, os usuários se tornam mais conscientes e até os atos de vandalismo tendem a diminuir", diz a arquiteta Helena Ayoub Silva, coautora do projeto, feito com a arquiteta Keila Costa. Por causa do traço sustentável amparado em vários estudos técnicos de luz, temperatura e som, a Bairro Luz ostenta o certificado AQUA, da Fundação Vanzolini, nas fases de programa e projeto. Só depois dos resultados desses levantamentos, a dupla de profissionais se lançou ao trabalho. A consequência disso é um volume robusto de linhas rígidas, medidas exatas e visual moderno, pensado para abrigar 27 salas de aula, duas quadras esportivas, biblioteca, refeitório, salas de reforço, sanitários nos três andares e áreas de recreio coberta e ao ar livre. Minimalista ao extremo para materializar a proposta de racionalidade em todas as etapas da obra, o lugar pretende se tornar um bom exemplo de que cidadania também se aprende na escola. "O processo AQUA levou a FDE a repensar o projeto de maneira global, com a possibilidade de avaliar o impacto de cada solução no edifício como um todo", afirma Luiz Henrique Ferreira, diretor da Inovatech Engenharia e consultor da entidade. O primeiro passo será a criação de um canteiro de obras que gere o mínimo de ruídos e de resíduos. Há intenção de reaproveitar, inclusive, parte dos galpões existentes no terreno, que serão demolidos.
Para gerar menos lixo, por exemplo, as paredes desses prédios velhos deverão ser quebradas e utilizadas no contrapiso da nova escola. Outro ponto importante está ligado à origem dos materiais usados na construção, cujos endereços não poderão ultrapassar 300 km de distância da obra para minimizar a emissão de gás carbônico na atmosfera. Sobras, por sua vez, serão distribuídas entre as cooperativas de reciclagem dos arredores. Soma-se a esses cuidados a escolha da estrutura de módulos de concreto pré-moldado, capaz de reduzir o consumo de água no canteiro entre 10 e 50%, além de gerar menos desperdício. "As peças vêm prontas e são apenas montadas no local", explica a arquiteta. Depois de erguidas, as paredes receberão acabamento de chapisco e pinceladas de tinta esmalte à base de água, em mais um gesto de educação responsável.
PROJETO VALORIZA RECURSOS NATURAIS
Luz: a iluminação artificial se mostra desnecessária em áreas próximas das aberturas. Assim, a setorização da elétrica, com o uso de circuitos independentes, irá ligar apenas lâmpadas em pontos mais distantes das janelas nos dias escuros.
Som: uma tática para garantir conforto acústico será intercalar as janelas basculantes localizadas nos corredores internos. Portas de chapa de aço de 2 mm com miolo de lã de vidro e paredes duplas vão isolar a quadra poliesportiva e impedir que o barulho dos jogos incomode os alunos dentro das salas de aula.
Som: uma tática para garantir conforto acústico será intercalar as janelas basculantes localizadas nos corredores internos. Portas de chapa de aço de 2 mm com miolo de lã de vidro e paredes duplas vão isolar a quadra poliesportiva e impedir que o barulho dos jogos incomode os alunos dentro das salas de aula.
Sol e chuva: o desenho prevê reúso da água da chuva nas bacias sanitárias. Ela será captada na cobertura e escoada por condutores verticais aparentes (nas laterais do prédio) até uma caixa de tratamento. Também no telhado ficará o sistema de captação de energia solar planejado para aquecer a água das torneiras da cantina.
Projeto arquitetônico: Helena Aparecida Ayoub Silva e Keila Costa
Estrutura: CTC Projetos e Consultoria
Projeto de hidráulica e elétrica: Sandretec Engenharia
Estudo acústico, de iluminação e térmico: Livre Arquitetura Administração e Comunicação
Estudo para aproveitamento da água de chuva: Sustentech Desenvolvimento Sustentável
Assessoria para certificação AQUA: Inovatech Engenharia
Equipe de projeto da FDE: Nancy Suzuki, Débora Arcieri, Mirela Geiger de Mello e Avany de Francisco Ferreira
Projeto arquitetônico: Helena Aparecida Ayoub Silva e Keila Costa
Estrutura: CTC Projetos e Consultoria
Projeto de hidráulica e elétrica: Sandretec Engenharia
Estudo acústico, de iluminação e térmico: Livre Arquitetura Administração e Comunicação
Estudo para aproveitamento da água de chuva: Sustentech Desenvolvimento Sustentável
Assessoria para certificação AQUA: Inovatech Engenharia
Equipe de projeto da FDE: Nancy Suzuki, Débora Arcieri, Mirela Geiger de Mello e Avany de Francisco Ferreira
Fonte: Planeta Sustentável