sábado, 8 de outubro de 2011

Oficinas no Cheirinho de Mato: Circo legal não tem animal !

Para o Projeto de Educação Ambiental Cheirinho de Mato, 
Circo legal não tem animal.
 "A idéia de que é engraçado ver animais silvestres coagidos a agirem como pessoas atrapalhadas, ou emocionante ver “feras” poderosas reduzidas a covardes apavorados por um treinador que estala seu chicote é primitivo e medieval. Vem da velha idéia de que somos superiores a outras espécies e que temos o direito de ter o domínio sobre eles. “ - Dr. Desmond Morris, antropólogo e etólogo.
Um animal selvagem é diferente de um animal doméstico... Podemos ensinar um cão a se sentar com algumas lições e uns biscoitos, porque os cães convivem há milhares de anos com seres humanos. Já para ensinar um elefante a se sentar ou ficar em pé nas patas traseiras, ou um leão a pular por uma roda de fogo, a história é diferente.
Até chegar ao momento do show, àquele em que você ri e se diverte, um animal selvagem, seja ele urso ou elefante, chimpanzé ou leão, girafa ou chimpanzé, sofreu muito...



RETIRADOS DE SEUS HABITATS
A maioria dos animais usados em circos são animais silvestres de outros países (chamados de exóticos) . Eles, seus pais ou avós foram retirados das savanas e florestas, de onde nunca deveriam ter saído. Foram separados de suas famílias e grupos sociais, transportados de modo inadequado. Muitos companheiros de jornada não resistiram. O uso de animais em espetáculos alimenta o tráfico de animais silvestres no mundo. Só isso já seria uma razão de se combater o uso de animais em circos. Mas tem mais....



TREINADOS COM CRUELDADE
Para treinar elefantes, são usados bastões pontiagudos de ferro, com os quais os treinadores batem com muita força...
Ursos “dançantes” são tradicionalmente treinados com chapas quentes que queimam seus pés; felinos que saltam rodas de fogo -- algo que fere totalmente seu instinto de sobrevivência -- são subjugados a este comportamento anti-natural à base de chibatadas, fome e medo. São freqüentes os animais de circo terem seus dentes cerrados, garras arrancadas e tantas mais atrocidades para faze-los mais “manejáveis” no treinamento. Tudo até que o animal esteja pronto para divertir um humano... será que temos o direito?



PRIVADOS DE SEUS COMPORTAMENTOS NATURAIS
Manter animais silvestres em gaiolas e acorrentados, longe de seus habitats, de seus grupos familiares, viajando em recintos minúsculos, submetidos ao calor, ao estresse, ao barulho dos espetáculos, priva totalmente os animais das necessidades de suas espécies. Um elefante, por exemplo, é um animal que vive em grupos familiares por dezenas de anos, tem padrões complexos de comunicação, e anda cerca de 40 km por dia... que vida em circo chega sequer perto da vida natural destes animais?

 Você já deve ter visto elefantes que balançam a cabeça de um lado para o outro, não? Isso não é alegria! É comportamento que revela estresse profundo.

Pense bem: você acha justo que um animal que poderia estar livre em seu habitat, passe por tudo isso para que você o veja por alguns minutos fazendo truques aprendidos pela repetição da dor?

Como uma imagem vale mais que mil palavras, veja a alegria do leão Will ao sentir pela primeira vez a grama sob seus pés, depois de uma vida encarceirada:


PAGAM COM A VIDA QUANDO SÃO ENVOLVIDOS EM ACIDENTES  
Depois, quando um animal não resiste a tanta pressão e ataca seu tratador, treinador ou alguém da platéia, ele é morto e todos dizem não entender porque isso aconteceu, pois o animal parecia tão manso...! Estes casos ocorrem todos os anos no Brasil e no mundo, mas os donos de circos com animais tentam abafar a cobertura e atenua-los como “fatalidades”. Mas ir ao circo seria muito mais seguros se estes não tivessem animais.
  


VIVEM SEM ASSISTÊNCIA VETERINÁRIA, ALIMENTAÇÃO ADEQUADA  
Quem tem um bicho de estimação em casa, bem cuidado, vê a despesa e o trabalho que dá. Já pensou cuidar de um elefante, de um chimpanzé? Quantas localidades no Brasil têm veterinários especializados em animais exóticos? Raríssimas!!! Desta forma, o circo sai rebocando de um canto para outros, sem assistência adequada estes animais. Se ficarem doentes, serão tratados no improviso. São inúmeros os casos de animais apreendidos de circos que morriam mortes lentas por falta de tratamento adequado.

Muitos animais são alimentados com cães e gatos idosos, contraindo assim doenças , como AIDS felina, como a Leoa Lindinha, apreendida e levada ao Zôo de Brasília, onde não poderá conviver com outros de sua espécie por causa da doença que porta.



ABANDONADOS QUANDO NÃO “SERVEM MAIS”
Só em 2005, 11 animais como leões foram abandonados nos lixões e galpões do Brasil afora:

5 leões abandonados perto de Uberaba em maio; um casal de leões foi abandonado por circo que fechou em Palmeira, Paraná; em setembro, 2005, 4 leões, apreendidos pela PMA, foram largados pelo circo Real Brasil Novo Hamburgo, RS.

Uma investigação na Europa pela entidade portuguesa ANIMAL mostrou que em apenas dois anos 51 animais desapareceram em apenas um circo (Atlas). Isto na Europa! Imagine aqui! 



CULTURA É PARA MUDAR!!!!
Há quem diga que animais em circo fazem parte da cultura do mundo. Mas já imaginaram se a cultura não se modificasse com o passar do tempo? Se a informação e o conhecimento não nos mostrassem que há um caminho melhor a ser seguido? A cultura humana é exatamente aquele aspecto fundamental da humanidade que se transforma na história. Se não, ainda teríamos shows com leões se alimentando de escravos como na Roma antiga, ou estaríamos defendendo o assassinato de bebês meninas na China, ou a mutilação dos órgãos genitais de moças na África. Ou o escravagismo no Brasil, ou o desmatamento, ou a falta do direito de voto para mulheres, que também foram práticas altamente “justificadas” e culturalmente estabelecidas em nosso país. Felizmente o mundo muda e a idéia de que é legal ter animais em circos também está mudando em vários países. No Brasil, 30 municípios e quatro estados já proíbem a apresentação de animais em circos.



O QUE VOCÊ PODE FAZER?
• Informe-se.
• Divulgue o que ocorre com animais em circos para que mais pessoas reflitam e mudem
• Não vá a circos com animais!
• Apóie o PL 2883/00 de Affonso Camargo, que tramita no Congresso Nacional, contra o uso de animais em circos. Escreva para os deputados da Câmara explicando porque você, como eleitor, quer ver a abolição do uso de animais em circos
• Entre em contato também com os deputados distritais (no caso do DF) e estaduais e vereadores para que elaborem Projetos de Lei no mesmo sentido em seus estados e municípios.



Os circos são uma ótima diversão e nos mostram o talento e a criatividade das pessoas. São acessíveis ao grande público e levam saberes e histórias centenárias a todos os cantos, mesclando a cultura de vários países. 



Mas sujeitar um animal a uma vida de prisão e comportamentos anti-naturais não pode ser a nossa diversão! Quantos circos se reinventaram, aposentaram seus animais dignamente e hoje, continuam suas apresentações fazendo pessoas felizes com o show de outras pessoas!


Para o Projeto de Educação Ambiental Cheirinho de Mato, 
Circo legal não tem animal.