sábado, 7 de abril de 2012

Indústria de água engarrafada esperneia para manter mercado


Para ela, torneiras e bebedouros são os inimigos
A água engarrafada é um dos monstros do ambiente, uma indústria multibilionária que pega o que já está limpo e prontamente disponível de torneiras, embala com plástico e vende aos consumidores com lucros indecentes. Há mesmo algumas marcas, como no caso do Brasil, que fazem campanhas na televisão dizendo que consumir água engarrafada ajuda a natureza.
Mas as vendas continuam a subir. Em 2010, foram consumidos mais de 2 bilhões de litros apenas no Reino Unido — 33 litros por pessoa, um número que deverá chegar a 40 em 2020. Mais de 40 bilhões de litros foram vendidos no ano passado nos Estados Unidos, em garrafas de plástico que usaram 17 milhões de barris de petróleo em sua produção. O setor lá fatura U$ 22 bilhões por ano e as vendas crescem a uma taxa anual de 5.4 por cento.
O crescimento se deve a constantes e ricas campanhas de marketing defendendo o indefensável, e promovendo um produto desnecessário, que gera lixo e grandes danos ao ambiente.
No mês passado, o Conselho Natural de Hidratação (NHC) – uma organização formada pelos três maiores produtores de água engarrafada do Reino Unido, Nestlé, Danone e Highland Springs – entregou sua milionária conta de relacões públicas para a Pegasus PR, que tem entre seus clientes Pfizer e Bayer.
O NHC foi formada em 2008 para impedir o declínio nas vendas: foram bebidos 2.240 milhões de litros de água engarrafada em 2006, 2.125 milhões em 2007 e 2.005 milhões em 2008. Preços, testes cegos negativos (os consumidores preferem água de torneira ou não percebem a diferença) e campanhas como a do jornal Evening Standard, apelando para que as pessoas apenas pedissem água de torneira nos restaurantes, tiveram importante participação na queda, diz a Environmental News Network.
Fonte: Planeta Sustentável, José Eduardo Mendonça 
Foto: epSos.de / Creative Commons